Gol Total Flex? Que nada! Se você pensa que a idéia de criar um carro que possa utilizar tanto gasolina quanto álcool é brasileira, em função do incentivo do governo ao segundo combustível desde os anos 70, saiba que a Ford americana começou a produzir o Taurus FFV em 1993. Em abril daquele ano sua fábrica em Chicago deu ao mundo mais uma razão para considerar o Taurus um carro à frente do seu tempo, com essa versão cuja sigla deriva de Flexible-Fuel Vehicle, ou veículo de combustível flexível.
O motor do FFV era o antigo V6 de 3,0 litros, adaptado para receber o chamado E85, mistura de 85% de etanol e 15% de gasolina (no Brasil são 96% de etanol e apenas 4% de gasolina). Os 15% buscavam facilitar a partida e o funcionamento a frio, já que não havia um reservatório para injeção de gasolina nessa condição, como sempre existiu nos carros a álcool (e hoje nos flexíveis) nacionais.
E por que o FFV e não, simplesmente, um Taurus calibrado para o E85? É que a rede de postos americana com oferta de etanol era — ainda é hoje — mínima para as dimensões continentais do país. Assim, um carro a álcool só poderia rodar em determinadas regiões, com alto risco de não encontrar onde abastecer em uma viagem. Não havia lá, ao contrário daqui, o interesse em abastecer com o combustível que trouxesse menor custo por quilômetro. Mesmo porque o álcool nos EUA sempre custou caro e, em vista de seu maior consumo, nunca teria sido compensador seu uso. O flexível americano era, isso sim, uma proposta de consciência ecológica e de diminuir a dependência local do petróleo importado.
A opção do motor a E85 chegou até a mais terceira geração do Taurus, mas não ao V6 Duratec: com vendas modestas, a Ford preferiu manter essa versão apenas para o motor Vulcan tradicional.
Texto: Fabiano Pereira para o UOL Best Cars – Publicado em 2006